Biografia e Contribuições de Jean Jacques Rousseau para a Educação Infantil


ALINE DELGADO
ARACELLI BARBOSA
ANA CLÁUDIA HIDUK
BEGAILDE FERREIRA DA SILVA
BERNARDO MAINARDES
DENISE TIZON
RENILDA DE FÁTIMA
SILVIA DOS SANTOS

1. INTRODUÇÃO 


Muito antes do nascimento de Dewey, Montessori, Decroly, Rousseau propôs a liberação do indivíduo, a exaltação da natureza e da atividade criadora, e a rebelião contra o formalismo e a civilização. Sua filosofia, partidária de uma educação natural, sempre esteve vinculada a uma concepção otimista do homem e da natureza. Seu pensamento político, baseado na idéia da bondade natural do homem, levou-o a criticar em diversas ocasiões a desnaturalização, a injustiça e a opressão da sociedade contemporânea.
Rousseau, filósofo da natureza, da liberdade e igualdade, com suas obras, ainda inquieta a humanidade. Sua proposta tem interesse tanto pedagógico quanto político e, nesse sentido, propunha tanto uma "pedagogia da política" quanto uma "política da pedagogia".
Um dos instrumentos essenciais de sua pedagogia é o da educação natural: voltar a unir natureza e humanidade. A família, vista como um reflexo do Estado é outro dos elementos centrais de sua pedagogia.
Considerado por vários estudiosos como autor da “concepção motriz de toda racionalidade pedagógica moderna”, Rousseau vê a infância como um momento onde se vê, se pensa e se sente o mundo de um modo próprio. Para ele a ação do educador, neste momento, deve ser uma ação natural, que leve em consideração as peculiaridades da infância, a “ingenuidade e a inconsciência” que marcam a falta da ‘razão adulta’
Jean-Jacques Rousseau foi um importante filósofo, teórico político e escritor suíço. Nasceu em 28 de junho de 1712 na cidade de Genebra (Suíça), e morreu em 2 de julho de 1778 em Ermenoville (França).
É considerado um dos principais filósofos do iluminismo, sendo que suas idéias influenciaram a Revolução Francesa (1789). Que até os seus 38 anos, era conhecido somente como Musico.






2. DESENVOLVIMENTO


JEAN JACQUES ROUSSEAU
Um dos Grandes filósofos do Iluminismo

2.1 Biografia e Idéias

Rousseau não conheceu a mãe, pois ela morreu no momento do parto. Foi criado pelo pai, um relojoeiro, até os 10 anos de idade. Em 1722, outra tragédia familiar acontece na vida de Rousseau, a morte do pai. Na adolescência foi estudar numa rígida escola religiosa. Nesta época estudou muito e desenvolveu grande interesse pela leitura e música.
No final da adolescência foi morar em Paris e, na fase adulta, começou a ter contatos com a elite intelectual da cidade. Foi convidado por Diderot para escrever alguns verbetes para a Enciclopédia.
No ano de 1762, Rousseau começou a ser perseguido na França, pois suas obras foram consideradas uma afronta aos costumes morais e religiosos. Refugiou-se na cidade suíça de Neuchâtel. Em 1765, foi morar na Inglaterra a convide do filósofo David Hume. De volta à França, Rousseau casou-se com Thérèse Levasseur, no ano de 1767. 
Escreveu, além de estudos políticos, romances e ensaios sobre educação, religião e literatura. Sua obra principal é Do Contrato Social. Nesta obra, defende a idéia de que o ser humano nasce bom, porém a sociedade o conduz a degeneração.
Afirma também que a sociedade funciona como um pacto social, onde os indivíduos, organizados em sociedade, concedem alguns direitos ao Estado em troca de proteção e organização. Peregrinando entre a Suíça e a França, tornou-se professor de música em Lausanne e Chambéry, e aos 19 anos, deslumbrou-se com a capital parisiense.
Conseguindo quem o amparasse, na qualidade de protetores, entre os quais Mme. de Warens, da cidade de Chambéry, chegou a acompanhar o embaixador da França a Veneza, na qualidade de secretário. Dedicado à música, teve recusado seu projeto de uma nova notação musical, apresentado na Academia de Ciências, em Paris.
O sucesso musical seria alcançado em 1750, quando foi premiado, pela Academia de Dijon, o seu ensaio, Discurso sobre as ciências e as artes.
A partir daí, suas novas produções teatrais e musicais são melhor acolhidas. No Discurso premiado, Rousseau responde à pergunta proposta pela Academia de Dijon, em concurso: se o progresso das ciências e das letras concorreu para corromper ou depurar os costumes, onde afirma a primeira alternativa.
No campo da música Rousseau escreveu a ópera-balé. As musas galantes e a opera cômica, O advinho da Aldeia. Rousseau foi a mais profunda influência sobre o pré-romantismo, encontrando-se os traços dessa influência no romantismo francês de Chateaubriand, Lamartine e Victor Hugo, bem assim inspirou personagens de Goethe, de Foscolo, bem como personagens de Byron.
Seu romance de amor, A nova Heloísa, publicado em 1761 teve um sucesso extraordinário. Ao mesmo tempo romance filosófico, exalta a pureza em luta contra uma ordem social corrompida e injusta. Descreve um amor irrealizado. Rousseau tem 5 filhos com sua amante de Paris, porém, acaba por colocá-los todos em um orfanato. Uma ironia, já que anos depois escreve o livro Emílio, ou Da Educação que ensina sobre como deve-se educar as crianças. Possivelmente o retrato do que ele mesmo viveu.
Para ele, a educação é um processo espontâneo, natural, particularizando a necessidade do contato com a natureza. Mais do que conhecer, o ser necessita ser capaz de discernir.

2.2 Obras principais
- Discurso Sobre as Ciências e as Artes
- Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens
- Do Contrato Social
- Emílio, ou da Educação
- Os Devaneios de um Caminhante Solitário


2.3 Rousseau e suas Idéias Educacionais
Os seus 66 anos de existência tiveram uma enorme influência na educação. Rousseau combateu idéias que prevaleciam há muito tempo. Entre elas, a de que a teoria e a prática educacional, junto à criança, deviam focalizar os interesses do adulto e da vida adulta. Ele também chamou a atenção para as necessidades da criança e as condições de seu desenvolvimento.
Como conseqüência, a criança não podia ser mais entendida como um adulto em miniatura. E se a criança era um ser com características próprias, não só as suas idéias e seus interesses tinham de ser diferentes dos adultos; também o relacionamento rígido mantido pelos adultos em relação a elas precisava ser modificado.
Com as suas idéias, Rousseau desmentiu de que a educação é um processo pelo qual a criança passa a adquirir conhecimentos, hábitos e atitudes armazenados pela civilização, sem qualquer modificação.
Cada fase de vida: infância, adolescência, juventude e maturidade fora concebida como portadora de características próprias, respeitando a individualidade de cada um.
Frederick Eby expressa com precisão as idéias de Rousseau: "A bondade e a felicidade do indivíduo são mais essenciais que o desenvolvimento de seu talento. Colocando as necessidades e os interesses do indivíduo acima dos da sociedade organizada, Rousseau inverteu a ordem universal.
Na sociedade ideal e natural, onde a natureza conserva sua simplicidade e inocência originais, todos os indivíduos seriam educados juntos e participariam de interesses comuns."
 No seu livro Emílio, Rousseau destaca que o adulto, sabendo quais são os pensamentos, sentimentos e interesses das crianças, não irá impor os seus.
Para compreender a infância, o homem precisa olhar a vida com simplicidade. Enquanto o mundo físico é harmonioso, o mundo humano é egoísta e cheio de conflitos. Os males sociais e a educação oferecida aos jovens são os responsáveis por esses conflitos.
Tanto a sociedade quanto o desenvolvimento do homem se modificam e é por isso, que a educação é fundamental a essa adaptação. Para Rousseau o indivíduo não deve ser sacrificado aos caprichos da sociedade, a educação assume um papel de destaque.
Embora as fases no desenvolvimento da vida do indivíduo já tivesse sido reconhecido por vários pensadores, foi Rousseau quem mostrou a importância das mesmas para a educação.
A primeira fase, até os 5 anos, era como uma fase animal, com o aparecimento do primeiro sentimento de si mesmo; aos 12 anos, o indivíduo torna-se consciente de si mesmo, é o momento da vida em que o racional desperta; sendo um ser isolado, a criança não desfruta ainda da vida moral.
E na fase seguinte, a puberdade, o sexo é visto por Rousseau como o fator mais importante da vida do indivíduo; com isso, surge a vida social do indivíduo. Com o surgimento dos mais altos sentimentos, a vida moral evolui naturalmente.
Se cada fase da vida tem a sua existência própria, a educação inicial não mais poderia ser considerada uma preparação à vida.
A contribuição de Rousseau para a educação infantil é inestimável. O método da natureza vale para todas as coisas, lembrou às mães a importância da amamentação aos seus filhos. Disse que não se deveria moldar o espírito das crianças de acordo com um modelo estabelecido.
Mostrou que a criança devia fazer, sem a ajuda dos outros, aquilo que ela é capaz de fazer por si mesma; o período do nascimento aos 12 anos é a época em que nascem vícios, os carinhos exagerados provocam vícios.
Rousseau afirmou que a educação não vem de fora, é a expressão livre da criança no seu contato com a natureza. Ele foi um crítico da escola de seu tempo, da rigidez da instrução e do uso em excesso da memória.
Ainda propôs a criança, primeiro, o brinquedo e esportes. Na agricultura - primeiro e mais útil emprego do homem -, a criança aprende a usar a pá e os instrumentos de outros ofícios.
Através dessas atividades, a criança estaria mentindo, contando, pesando e comparando. Além dessas tarefas, a linguagem, o canto, a aritmética e a geometria seriam desenvolvidos como atividades relacionadas com a vida.
Se Rousseau for analisado no contexto da sua época, teremos de concordar que ele formulou, com raro brilho, princípios educacionais que permanecem até os nossos dias.

2.4 Frases

·         "O mais forte não é suficientemente forte se não conseguir transformar  sua força em direito e a obediência em dever" 
·         "Vosso filho nada deve obter porque pede, mas porque precisa, nem fazer nada por obediência, mas por necessidade" 
·         "A razão forma o ser humano, o sentimento o conduz." 
·         "O homem de bem é um atleta a quem dá prazer lutar nu." 
·         "O maior passo em direção ao bem é não fazer o mal." 
·         "Bastará nunca sermos injustos para estarmos sempre inocentes?" 
·         "A paciência é muito amarga, mas seus frutos são doces." 
·         "As boas ações elevam o espírito e predispõem-no a praticar outras". 
·         "Quem enrubesce já é culpado; a verdadeira inocência não tem vergonha de nada." 
·         "O ser humano verdadeiramente livre apenas quer o que pode e faz o que lhe agrada." 
·         "Para conhecer os homens é preciso vê-los atuar." 
·         "O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles."
·         "A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza"
·         "O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não poupariam ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor; estará perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém'"
·         "E quais poderiam ser as correntes da dependência entre homens que nada possuem? Se me expulsam de uma árvore, sou livre para ir a uma outra"
·         "A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação  o universo forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente"
·         "A única instituição que ainda se constitui natural é a Família "
·         "O escravo não é propriedade do outro, mas não deixa de ser homem ".
·         "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe."
·         "Mesmo quando cada um de nós pudesse alienar-se não poderia alienar a seus filhos: eles nascem homens e livres, sua liberdade lhes pertence e ninguém, senão ele pode dispor dela. Antes de chegar à idade da razão, o pai pode, em seu nome, estipular as condições de sua conservação, do seu bem-estar, porém, não dá-los irrevogável e incondicionalmente porque um dom semelhante contraria os fins da natureza e sobrepuja os limites da finalidade paternal. Seria, pois, preciso para que um governo arbitrário fosse legítimo, que, em cada geração o povo fosse dono de aceitá-lo ou de rejeitá-lo; porém, então o governo não seria arbitrário."
·         Sobre o governo, que para Rousseau é "Um corpo intermediário entre os súditos e o soberano, para sua mútua correspondência, encarregado da execução das leis e da conservação da liberdade, tanto civil como política.", e a submissão do povo aos chefes [governantes] diz: "É somente um incumbência, um cargo, pelo qual simples empregados [governantes] do soberano [povo] exercem em seu nome o poder de que os faz depositários, e que ele pode limitar, modificar e reivindicar quando lhe aprouver."
·         "Se houvesse um povo de deuses, ele seria governado democraticamente. Um governo tão perfeito não convém aos homens.